O projeto Heritage4all assenta numa parceria interdisciplinar, em que tecnologias desenvolvidas no domínio das Ciências Exatas são aplicadas a artefactos culturais para preservar, descobrir e partilhar o nosso Patrimonio Cultural.
O projecto reune as competências complementares de Miguel Carvalho, doutorando em Ciências Musicais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa (FCSH/NOVA) e Vincent Debut, Professor de Acústica na FCSH/NOVA e investigador no Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Musica e Dança (INET-md) e engenheiro Físico do Institut National des Sciences Appliquées, de Toulouse (França).
A ideia-base do projecto consiste em transferir o conhecimento académico para a sociedade moderna, com o objectivo de valorizar o património cultural que se encontra em museus e monumentos.
O primeiro objetivo do projeto é o de contribuir para a perservação desses artefactos, através do levantamento detalhado da geometria dos mesmos para criar uma base de dados informática que pode ser útil para o restauro e substituição de peças nos museus, bem como a respetiva investigação.
O segundo passo do projeto visa a partilha desses dados, permitindo levar uma exposição a qualquer sítio do mundo, ultrapassando as barreiras geográficas, bem como restituir os bens culturais de forma inovadora como incentivado pela UNESCO. A solução proposta baseia-se na recolha de imagem 3D dos objectos, obtidas a partir de um scanner e no processamento da respectiva nuvem de pontos. Como resultado obtemos uma imagem detalhada da geometria do objecto, incluindo as cores. Este tipo de dados tem grande interesse em aplicações de arqueologia experimental, como já demostrado pela equipa através da reconstituição virtual do som do sino mais antigo de Portugal, o sino de Coruche, depois de este ter sido descorberto partido numa escavação arqueológica. As aplicações de realidade virtual são também um mercado alvo dessa proposta, que oferece a possibilidade de construir hologramas dos objectos. Finalmente, outra possibilidade oferecida por essa metodologia é a utilização desses dados como input para impressoras 3D, o que permite fazer réplicas fiéis dos objectos originais. Em parceria com a ACAPO, a equipa já experimentou essa técnica com um grupo de invisuais que consiguiu "ver" objectos de uma colecção, uma solução original e positiva que permite resolver o problema de acesso desse grupo de pessoas aos museus.